FOMO: marcas também têm medo de ficar de fora (da SXSW às dancinhas de TikTok)

Redação Ecomunica

28 Março 2022
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Para quem trabalha com Comunicação, Tecnologia e Inovação, parte do mêrs de março foi dominado por um único tema (sem contar a guerra na Ucrânia, é claro): o South by Southwest (SXSW), um dos maiores festivais de inovação do mundo (e certamente o mais “hypado” e instagramado), que acontece desde 1987. Neste ano, ele voltou a ser presencial e está sendo realizado de 11 a 20 março, em Austin, no Texas. Lá, diversas indústrias, startups, executivos e empreendedores disputam as palestras para descobrir novidades e oportunidades, se atualizar, ampliar repertórios, fazer network e fechar negócios.

Aqui no Brasil, a gente é louco por esse evento. Em 2018 e 2019, levamos para o SXSW a maior comitiva estrangeira, com mais de 1,6 mil pessoas. Neste ano, perdemos o posto para o Reino Unido, mas o burburinho do festival produz uma sensação de FOMO, que nos levou a fazer uma analogia com as marcas em geral.

FOMO é a sigla em inglês para Fear of Missing Out, ou o medo de ficar de fora, de estar perdendo algo importante, de que outras pessoas tenham boas experiências e você não. Essa síndrome, considerada uma patologia psicológica, não é bem uma novidade: foi descrita pela primeira vez nos anos 2000 e, com a explosão das redes sociais, acabou se popularizando, porque as redes fomentam aquele sentimento de que “a grama do vizinho é sempre mais verde” ou “todo mundo está fazendo algo interessante, menos eu”.

Comunicação, redes sociais, Tecnologia e busca pelo novo (searas da SXSW) são justamente os combustíveis do FOMO no mundo moderno. E, por isso, o festival acaba gerando FOMO também nas marcas - ou vai dizer que a sua empresa quer ficar de fora do (possível sucesso do) metaverso, da nova Web 3.0 (apelidada de Web3), do próximo “TikTok”, do futuro das live commerces e de tudo aquilo que pode colocar os concorrentes na frente?

Sim, a gente entende essa ansiedade e também compartilha dela… Para se ter uma ideia, só o relatório anual do Future Today Institute, apresentado pelo 15º ano consecutivo, detectou 574 tendências longitudinais de Tecnologia e Ciência, distribuídas em 30 cenários. Haja FOMO!

Não basta saber das tendências

Só tem um porém: a gente aqui deste lado do balcão aprende rápido a lidar com a tal síndrome. Isso porque o papel de uma agência de comunicação é, justamente, filtrar todas essas tendências e trazer as inovações para a realidade de cada companhia. Afinal, não é só porque as dancinhas são hit no TikTok (e deixam alguns influenciadores ricos) que funcionam para todo mundo.

Inclusive, quando apresentou os principais pontos de seu relatório (num dos momentos mais aguardados do SXSW), a futurista Amy Webb, criadora do Future Today Institute, alertou para que a gente exercite cada vez mais a nossa percepção sobre os fatos, os dados e as certezas adquiridas a partir deles. “As tendências por si só não são suficientes'', disse ela. “Precisamos usar as tendências para nos ajudar a re-perceber o futuro. Para nos ajudar a influenciar o futuro.”

Webb começou sua explanação fazendo uma dinâmica com a plateia. Quer fazer também? Pois então pare de rolar a página (pra não ter spoiler), olhe a figura abaixo e diga: o que você vê?

Foto que faz parte do experimento Vaca de Dallembach: uma foto em preto e branco, aparentemente confusa, que a princípio parecem apenas borrões pretos sobre fundo branco

À primeira vista, parecem apenas uns borrões pretos em um fundo branco, não é mesmo?

Esse teste ficou conhecido como “Vaca de Dallenbach”, porque se trata, sim, de uma vaca. Embora a maioria das pessoas não consiga vê-la ao primeiro olhar, ou mesmo após um olhar prolongado, uma vez que a gente percebe o animal na foto, é muito difícil ver a imagem como ela apareceu no momento inicial.

Foto que faz parte do experimento Vaca de Dallembach: uma foto em preto e branco, aparentemente confusa, que a princípio parecem apenas borrões pretos sobre fundo branco. Mas, nesta foto, o rosto da vaca está destacado com uma linha vermelha

O objetivo de Webb foi justamente mostrar a importância do que ela chama de re-percepção. Pois a vaca só pode ser vista quando paramos de nos concentrar nos pontos pretos da imagem, que nos impedem de prestar atenção aos espaços em branco, e mudamos a percepção a respeito daquilo que é apresentado. Segundo ela, a razão pela qual muita gente não vê a vaca é a mesma de não verem tendências emergentes, porque algumas coisas aparecem fora de modelos com os quais estamos habituados.

“Se vocês lembrarem disso, a partir de agora vão questionar suas suposições sobre como os negócios funcionam, olharão tendências com mais curiosidade em vez de imediatamente dizerem ‘não’. [Assim], começarão a enxergar novas oportunidades e o risco que outros não conseguiram ver”, explicou, dizendo ainda que a “re-percepção” é uma qualidade dos bons gestores e ajuda a lidar com ambiguidade e incerteza, além de explorar novos territórios.

Olhar atento, análise de riscos, entendimento do cenário, criatividade para ver as coisas sobre outro prisma… Não há fórmulas prontas. Por mais acesso a informações, dados, números e tendências que tivermos (e, sim, isso é fundamental para a tomada de decisões), o olhar humano é essencial. Somente um time experiente e que entenda profundamente o negócio das marcas é capaz de analisar o que pode ou não funcionar e qual a melhor estratégia a fim de atingir objetivos, com o menor custo possível. Cada marca está num momento da jornada e tem objetivos únicos.

Esse tem sido nosso exercício para tentar diminuir o tal FOMO tanto do nosso time, quanto dos clientes. Mas, olha, temos que confessar que a gente também faz um esforço diário para encontrar “as vacas” escondidas em cada estratégia novidadeira do mercado, viu?

Redação Ecomunica

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