Tendência: mude algo, mude tudo. Será que algo muda com o fim da COP26?

Redação Ecomunica

19 Novembro 2021
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Agora é oficial: o Planeta gastou sua última chance de evitar uma catástrofe ambiental de proporções inéditas. Ao menos essa era “a” promessa da aguardada 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26, que ocorreu em Glasglow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro. Agora, os 193 países que estiveram presentes (entre eles, os maiores emissores de gases de efeito estufa) saem de lá com o compromisso de diminuir significativamente o uso de combustíveis fósseis. 

Porém, ainda que a expectativa para o evento fosse grande, os resultados da conferência não empolgaram nem a imprensa, nem especialistas e ativistas. "Muitos se perguntam quando as pessoas no poder vão acordar, mas vamos ser claros: elas já estão acordadas, sabem exatamente o que estão fazendo. Isto não é mais uma conferência do clima. Isso agora é um festival global de 'greenwashing'. Duas semanas de celebração do 'business as usual' e blá-blá-blá”, disse Greta Thunberg, durante um protesto.

O grande problema é que as resoluções dessa COP continuaram sem  apresentar detalhes claros sobre como atingir as metas necessárias. No fim das contas, o objetivo principal é cumprir o Acordo de Paris de 2015, que estipulou o aumento máximo de “apenas” 1,5ºC da temperatura global até 2030, em relação à era pré-industrial. Mas, até hoje, as promessas de redução das emissões estão muito aquém do necessário, com projeções de um aumento médio de temperatura entre 2,7ºC e 3,1ºC até o final do século.

Uma das grandes expectativas, que chegou a ser rascunhada (de forma inédita) durante o evento, foi a resolução que pedia aos países para acelerar a eliminação da queima de carvão e os subsídios aos combustíveis fósseis. Mas, depois de uma campanha dos principais produtores de carvão, petróleo e gás do mundo – como Arábia Saudita, China, Rússia e Austrália –,  a proposta final virou um pedido para "a eliminação progressiva do uso sem restrições" do carvão e dos "subsídios ineficientes para os combustíveis fósseis", considerado ainda muito vago.
 
 
E o Brasil?

Curiosamente, do dia para a noite, o Brasil também se comprometeu a reduzir em 50% a emissão dos poluentes - anteriormente, a proposta de redução era de 43%. Houve ainda a aprovação de uma resolução que visa a diminuir a emissão dos gases causadores do efeito estufa. No entanto, faltou o plano de ação de como, afinal, essa promessa sairá do papel.

 

Dá pra fazer alguma coisa?

Frente à crise climática e no contexto da COP26, a gente aqui da Ecomunica também decidiu dar mais um passo significativo rumo à ação. Além de neutralizar a nossa emissão de carbono, compensar ambientalmente em 200% - ou seja, regenerativamente - os materiais de divulgação que eventualmente enviamos a clientes, imprensa e formadores de opinião e estarmos em processo de certificação para ser uma empresa do chamado Sistema B, a gente agora se une à Profile (outra agência de comunicação integrada com atuação consistente dentro dos pilares da ESG) para trazer ao Brasil uma iniciativa inédita, a ati - Agências de Triplo Impacto.

Formada por 30 agências de 15 diferentes países, a rede ati é a primeira plataforma de agências de comunicação, marketing e publicidade comprometida com a geração de impacto econômico, social e ambiental positivo da América Latina. É a reunião de organizações com valores e ética profissional similares, além da profunda convicção em relação à responsabilidade da indústria criativa no desenvolvimento de um futuro mais justo, inclusivo e ambientalmente sustentável.

“A Ecomunica e todas as agências ati têm em comum a vontade de elevar a régua do mercado de Comunicação em várias frentes, desde melhorar as condições de trabalho no setor à ampliar a atuação nas áreas de sustentabilidade ambiental e social de forma transversal aos negócios”, afirma Ellen Billeski, CEO da Ecomunica.  

Para ser membro da ati, as organizações devem demonstrar ter um propósito de impacto definido, experiência concreta em projetos de triplo impacto para clientes e o desenvolvimento de boas práticas relacionadas à ética profissional, trabalho, gênero e aspectos ambientais.

 

Mude algo, mude tudo

Como primeira ação em solo brasileiro, a ati traz ao País a campanha #ChangeSomething - Mude Algo, Mude Tudo. Essa ação, realizada em parceria com a rede europeia DNS,  busca inspirar a criatividade no debate em torno das principais convenções ambientais de 2021: a COP15, sobre biodiversidade, e a COP26, que teve foco na resposta global à crise climática.

Composição de foto e texto. O texto está escrito em branco, sobre a foto e diz: Chega de mentiras, de negar o desmatamento. A foto mostra uma pilha de toras cortadas. Na parte inferior esquerda da foto, há três logos: a hashtag da campanha Change Something, além do logo da ATI e da rede DNS europeia.

Em cada país, a campanha #ChangeSomething tem sido adaptada ao público local e distribuída principalmente nas redes sociais, convidando a indústria criativa a agir. A partir da página da campanha, comunicadores de todo o mundo são desafiados a se comprometer com uma ação concreta em relação à situação, que é produto de séculos de “histórias” baseadas na ideia do consumo infinito e da reposição.

No Brasil, a campanha teve início em 8 de novembro, com o lançamento das peças com letras de músicas e ditados populares modificados nas redes sociais. Na Argentina, além dessa mesma ação, desde 15 de novembro, em  Buenos Aires, há um mural em realidade aumentada.

Composição de foto e texto. O texto está escrito em brancom, sobre a foto, e diz: Não deixe a Amazônia morrer. Não Deixe a água acabar. A foto mostra um rio, um morro coberto de vegetação densa e um céu coberto por nuvens brancas.  O rio está espelhando perfeitamente a imagem do morro e do céu.  É poss´vel ver ainda a ponta de uma canoa de maneira, cojm uma corrente de ferro presa na proa. No canto inferior esquerdo, há três logos: a hashtag da campanha Change Something, além dos logo da ATI e da rede DNS europeia.

Para Marian Ventura, cofundadora da ati na América Latina e idealizadora da agência done!, de Buenos Aires, “durante décadas, a mídia e a indústria da publicidade escreveram as histórias que acenderam nosso desejo, encheram nossas geladeiras e alimentaram a sociedade de consumo ilimitado que nos levou a este colapso ambiental, no qual enfrentamos uma perda massiva de biodiversidade e uma espiral ascendente de emissões de carbono”.

Estima-se que a indústria global de publicidade e marketing gaste US$ 600 bilhões por ano em campanhas que visam aumentar o consumo e o uso de recursos.

Composição de foto e texto. O texto está escrito em branco, sobre a foto, e diz: Ain't no sunshine when they're gone. Change something, change everything. A foto mostra o fundo do mar. Com um cardume de peixes brancos ilustrados de preto Na parte inferior esquerda da foto, há três logos: a hashtag da campanha Change Something, além do logo da ATI e da rede DNS europeia.

“Às vezes, para mudar algo ficamos esperando aquele ponto de virada. Mas mesmo uma grande mudança tem que começar pequena. É preciso ter uma mentalidade de mudança, traçar um objetivo e trabalhar diariamente. A área de comunicação tem um impacto gigantesco na vida das pessoas e precisamos questionar o que podemos fazer hoje para contribuir com uma economia livre de carbono, por exemplo”,  afirma Ellen Bileski.

A campanha Mude Algo, Mude Tudo é compartilhada com a hashtag #ChangeSomething e inclui o site changesomething.net/es onde agências de todo o mundo podem se juntar em uma aliança global e aprender mais sobre como focar suas práticas para contribuir com a ação climática. Lá você pode saber mais sobre a iniciativa e as agências que a promovem.

Assim, convidamos você a participar da campanha e a pensar para além dela: afinal, como cada um de nós pode contribuir para, enfim, as metas ambientais serem cumpridas? Como uma marca pode, de fato, mudar comportamentos e transformar o mercado? Dá pra mudar? A gente acredita que sim!

 

Redação Ecomunica

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